Angola, campeã do mundo 
J.C. Cavalcanti - 03/07/06 (realidade + ficção)
Alemanha, finais da Copa do Mundo de 2006. A seleção de Angola surpreende a todos e chega à disputa da final, contra a Holanda, país de futebol considerado nitidamente superior.

Em uma partida bonita, muito disputada, com o  ataque holandês muito produtivo, os jogadores angolanos tentavam "segurar" o jogo, fazendo alguns contra-ataques perigosos. Mas o mais incrível da partida foi a atuação do goleiro angolano João Ricardo, que realizou seis ou sete defesas impossíveis, que a todos deixaram boquiabertos, garantindo o empate por zero a zero que garantiu à sua equipe o título mundial.

Quando o juiz apitou o final do jogo, que festa! nunca vi coisa igual!... os jogadores angolanos correram para João Ricardo, que saiu de campo como o herói da partida, e o abraçaram, chorando, a comissão técnica invadiu o gramado, todos se confraternizavam emocionadamente.

A África é um continente espoliado durante séculos pelos brancos. Entre os horrores da história humana sobre o belo Planeta Terra, está a escravidão, com os navios negreiros fazendo a rota do comércio da mão de obra africana, arrancada à força de seus torrões natais.

E a África se vingou, dando ao mundo grandes músicos, escritores, artistas e esportistas, e alguns dos melhores craques de futebol todos os tempos, incluindo o nosso Pelé e o grande Eusébio, da seleção portuguesa.

Todos notaram, inclusive nesta Copa, quantos futebolistas negros de realce havia, presentes nos melhores selecionados do mundo.

A magnífica vitória de Angola veio coroar a grandeza desse povo sacrificado, não reconhecido, utilizado como mão de obra barata nos países de quase todo o mundo; isso quando seus descendentes não engrossam as fileiras dos desempregados, dos excluídos, que nem escravos não são mais.
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Essa, como diria Fernando Pessoa, é a história que poderia ter sido. E, como sugeriu Stephen Hawking, o grande físico inglês, talvez tenha realmente acontecido em algum lugar.

Nesta última Copa do Mundo, Angola realmente empatou com a Holanda por zero a zero, com fantástica atuação do goleiro João Ricardo. E foi eliminada do certame, ainda em sua fase inicial, sem ter marcado um único gol.

Mas, esse empate contra a Holanda foi celebrado como se fosse a vitória na final da Copa. Que bela e contagiante, a alegria dos jogadores negros!  como eles abraçaram seu goleiro, chorando como crianças! Isso, notem, porque conseguiram empatar com a Holanda, a duras penas, em seu jogo de despedida do Mundial, sem ao menos uma vitória, sem ao menos um gol.

A cena foi tão marcante que o comentarista Falcão, reconhecidamente sóbrio em suas intervenções, declarou, emocionado:

"Estou no futebol já há tantos anos, e de repente surge uma cena como esta, que ainda me surpreende e emociona". Tão diferente dos  tristes, cansados e apáticos pobres milionários jogadores brasileiros!...