NA Grécia, havia os heróis ou semideuses,
que eram filhos de um deus com uma mulher ou de uma deusa com um homem.
Os heróis tinham grandes poderes, mas não eram imortais como os deuses.
Esta saga, que inclui a de Héracles
(Hércules), pertence à civilizaçao dórica, do Peloponeso.
Acrísio, rei de Argos, tinha uma filha
virgem, Dânae e, certa vez, consultou o oráculo a respeito dela. A pitonisa
informou que ela teria um filho, o qual mataria o avô. Este, amedrontado,
prendeu a filha num quarto inexpugnável.
Entretanto, Zeus, o deus dos deuses,
penetou no quarto, sob a forma de uma chuva de ouro e engravidou a jovem (para
finalidades como essa, os deuses usavam frequentes disfarces ).
Ali, nasceu a criança, Perseu, sob os
cuidados da mãe e de uma aia. Quando, certa vez , Acrísio ouviu o choro do
menino, atribuiu a paternidade ao seu irmão, matou a aia, prendeu a filha e o
neto numa caixa de madeira e lançou-os ao mar. A caixa foi parar na ilha de
Sérifos, sendo que um pescador socorreu os náufragos e os entregou ao rei
Polidectes, que se apaixonou por Dânae.
Passou o tempo e Perseu, já mais crescido,
era um empecilho às pretensões de Polidectes. Num jantar, em que os cortesãos
prometeram presentes ao rei, Perseu lhe ofereçeu a cabeça da Medusa(achava que,
assim, melhor defenderia a mãe).
AS GÓRGONAS Medusa, Euríale e Esteno eram
três irmãs, que viviam no extremo ocidental do mundo, próximo ao país das
Hespérides, de onde Héracles roubara os pomos de ouro, no seu 11o Trabalho.
As três tinham cobras no lugar dos cabelos
e convertiam em pedra quem as mirasse ( o que lembra Edith, mulher de Lot,
convertida em estátua de sal, na mitologia hebraico-islâmico-cristã). Das três,
apenas Medusa era mortal.
O primeiro problema do herói era saber como chegar
até elas e o segundo, como não ser petrificado. Perseu recorreu, então, a
Hermes (deus mensageiro) e a Atena (deusa da guerra e das artes). Do 1o
recebeu sandálias aladas, que lhe permitiam voar e um saco especial (kibisis) e
da segunda recebeu o capacete de Hades (deus dos infernos), que o faria
invisível.
Ainda a conselho desses dois deuses, achou
o caminho para as velhas Gréias, irmãs das Górgonas, que viviam no país da
noite. AS três possuíam, AO TODO, um só olho e um só dente. De tal forma que,
quando uma enxergava, as outras aguardavam o único olho. Perseu apoderou-se do
olho e do dente comuns e exigiu, para devolvê-los, que as estranhas anciãs lhe
indicassem o caminho das Górgonas.
Lá chegando, sem fitar os olhos dos
perigosos monstros, voando invisível, ele decapitou a medusa. E colocou sua
cabeça no kibisis. Do sangue da medusa, nasceu o cavalo alado Pégaso, símbolo
da Arte e da Poesia, que se dirigiu para o monte Parnaso (onde viviam as
musas).
Com uma patada no monte Hélicon, Pégaso
criaria a Fonte de Hipocrene. cujas águas inspiravam os poetas.
ANDRÔMEDA
No regresso de Perseu, ao voar sobre a Etópia, viu uma jovem amarrada a um
rochedo, apavorada. Desceu para informar-se. Tratava-se de Andrômeda, filha dos
reis Cefeu e Cassiopéia. Esta rainha, muito vaidosa, quisera rivalizar, em
beleza, com as Nereidas (divindades marinhas, filhas de Nereu e Dóris).
Tal pretensão era quase blasfema e as
Nereidas queixaram-se a Poseidon (deus do mar). Este enviou um monstro que
estava destruindo o país. Para bani-lo, a princesa Andrômeda deveria ser
oferecida a ele.
Perseu prometeu destruir o monstro, se
tivesse Andrômeda em casamento. O jovem herói cumpriu facilmente seu
compromisso, mas Fineu, pretendente anterior de Andrômeda, liderou uma
conspiração para matá-lo.
Porém, servindo-se da cabeça da medusa, ele
os petrificou.
De volta a Sérifos, constatou que
Polidectes tentava apoderar-se à força de sua mãe, Dânae. Perseu transformou o
rei e sua corte em estátuas de pedra. Colocou no poder um pastor amigo e
devolveu as sandálias, o capacete e o kibisis a Hermes.
Atena incorporou a cabeça da medusa ao seu
escudo.
Perseu retornou, agora com Andrômeda e
Dânae, a Argos. Acrísio, seu avô, por prudência, transferira-se para Larissa. O
herói seguiu à procura do avô, já que ele desconhecia a profecia do oráculo.
Havia, na ocasião, jogos fúnebres em honra do falecido pai de Teutâmides, o rei
local.
Perseu foi inscrito e, num lançamento
canhestro do disco, atingiu seu avô, entre os assistentes, matando-o.
Profundamente magoado, o filho de Zeus não quis voltar a Argos.Foi para
Tirinto, onde reinava Megapentes, seu sobrinho. Decidiram, então, inverter os
reinos, conforme cita Ruth Guimarães: Perseu reinou em Tirinto e Megapentes, em
Larissa.
BELEROFONTE
A saga de Belerofonte sendo de Corinto,
também é dórica. É conveniente citarmos que os jônicos(áticos,atenienses) são
os relatos ligados a Teseu Ariadne, rei Minos , Minotauro. Quanto a Édipo,
Electra, Orestes,Clitemnestra, Antígone etc. são gestas de origem tebana.
Belerofonte era irmão de Beleros, tirano de
Corinto (tirania, na Grécia, era um governo não monárquico nem democrático e
que se opunha à aristocracia.). Era tido como filho de Glauco, por sua vez,
filho de Sísifo, condenado pelos deuses, a rolar eternamente uma pedra,
montanha acima, a qual caía de novo(como o serviço doméstico das mulheres).
Na verdade, Belerofonte era filho de
Poseidon (rei dos oceanos) com a mulher de Glauco, Eurimedéia, filha de Eneu,
rei de Cálidon. Belerofonte matou, sem querer, a seu irmão Beleros e, por isso,
teria de deixar Corinto e se purificar.
Foi para Tirinto, sendo purificado pelo rei
Preto, pai de Megapentes, visto na saga de Perseu. Segundo Homero, Antéia,
mulher de Preto, se apaixonou pelo jovem e, ante a recusa de Belerofonte,
informou ao marido que o herói tentara seduzi-la (como ocorreu com José do
Egito, em relação à mulher de Potifar, em outra mitologia).
O rei Preto enviou, então, Belerofonte para
Iobates, rei da Lícia, com uma carta que, nas entrelinhas, aconselhava matá-lo.
Este rei.então, como forma de
desvencilhar-se do jovem, exigiu que ele matasse a Quimera, um monstro misto de
leão e cabra, que emitia fogo e estava devastando a região da Lícia.
Mas a deusa Atena colaborou para que
Belerofonte encontrasse o cavalo Pégaso bebendo num regato e,´montado nele, o
herói matou a Quimera num só golpe. O rei Iobates ainda exigiu que Belerofonte
enfrentasse sozinho um povo inimigo e feroz (os solimos) e, vencidos estes, que
lutasse contra as Amazonas, cavaleiras famosas e arqueiras destras, que
aparecem também nas sagas de Héracles e de Teseu.
Belerofonte exterminou grande número delas.
Finalmente, o insistente rei armou uma
emboscada com seus guerreiros mais poderosos, aos quais, todavia, Belerofonte
dizimou.
O rei, então, reconheceu-o como semideus e
mostrou-lhe a ardilosa carta de Preto. Belerofonte se casou com Antíclia, filha
de Iobates e herdou o reino. Teve dois filhos e uma filha, Laodâmia, que seria
mãe de Sarpédon, forte guerreiro dos troianos (que seria morto por Pátroclo).
Mas o orgulho de Belerofonte o levou a tentar, montado em Pégaso, subir o monte
Olimpo, que era a morada dos deuses. Zeus, então, o precipitou, matando-o.
COMENTÁRIOS
I) Estas lendas vêm de épocas remotas, da
Idade do Bronze(antes de1200AC). É curioso notar que elas não fazem referência
ao bissexualismo, tão comum entre os gregos, a partir do século V AC.
II) Nas histórias dessa época, os deuses
viviam e conversavam com as pessoas, da mesma forma que fazia o deus de Moisés,
que corresponde à mesma època. Por que pararam? Horror à imprensa?
III) Os deuses gregos tinham os mesmos
defeitos dos homens (até piores). Mas os gregos não achavam que deviam amá-los,
apenas os temiam. É o medo que vem do mais remoto passado . Da mesma forma, não
existe ninguém capaz de amar o deus Javé ( ou Jeová ) acima de todas as coisas.
Era um deus cruel, vingativo, ciumento e discriminador.
Já está na hora de se discutir a total
incompatibilidade entre o pensamento do Velho e o do Novo Testamento.
(Final)
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