Nossos pensamentos são mesmo nossos?
Parece estranha essa pergunta. Mas a verdade é que, antes de respondê-la,
precisamos responder outra:
"Nossos de quem?"
Ou seja, com quê nos identificamos? Com o corpo e a memória?
Porque se você se identifica com o corpo e a memória
a resposta é SIM, pois
aí estamos falando de um eu material, transitório, mutável e finito, gerado pelo funcionamento do cérebro.
Nesse caso, o "eu" se identifica com seus conteúdos e aprendizagens, memórias,
pensamentos, julgamentos, crenças, sensações e emoções.
Mas nenhum desses elementos pode responder pelo estar ciente das coisas,
dos objetos percebidos, inclusive mentais, como pensamentos, juízos, lembranças.
Por exemplo:
o que é que fica ciente de uma percepção sensorial (olhar, cheirar, tocar, ouvir, saborear)?
Será o pensamento? Claramente, não. O pensamento vem a reboque das percepções,
descrevendo-as.
O que ele faz é interpretá-las
e, ao fazê-lo, provoca diversas sensações e emoções
que nos afetam de vários modos, o que nos leva a achar que tudo isso é nosso eu.
Ao contrário, tudo isso nos ilude e escraviza. Da mesma forma, não são
nossas diversas sensações ou emoções AQUILO que percebe o mundo.
Escapa-nos que há algo completamente óbvio, que está por trás
de todas as percepções, tornando-as possíveis.
É aquilo que está sempre presente e passa desapercebido.
Entretanto, sem ISSO não haveria nada.
É essa nossa natureza original,
a semente da Consciência cósmica em nós, a qual não
tem pensamentos:
estes acontecem espontaneamente, face aos desafios do cotidiano, e não possuem um autor
pessoal que os produza, pense, selecione, acredite neles ou os abomine.
Voltar
|