O verdadeiro objetivo da vida
Rupert Spira      (30/Julho/18)

... A única experiência que o eu separado sempre procura é a perda de sua identidade separada. Não é possível ao eu separado procurar outra coisa; todo desejo que o eu separado tem é apenas o desejo de deixar de ser separado.

O objetivo real é o desvelar da consciência de todas as suas limitações auto-impostas - é o retorno à sua condição natural... Toda vez que a consciência assume a forma da mente finita, ela se limita - limita-se LIVREMENTE a si mesma -, e isso é sacrifício; ela tem que se limitar para aparecer como o mundo, mas há uma custo: perde sua liberdade ao fazê-lo, perde sua paz e felicidade inatas, porque se limitou.

Assim, para aparecer como manifestação, a Consciência tem que se sacrificar, se desvia de si, parece negligenciar (ignorar) o conhecimento de seu próprio ser - e ao ignorar seu próprio ser, a paz e a felicidade que são inatas em si mesma — ou melhor, que são ela própria — ficam veladas, e o eu separado (que é a consciência limitada), tem sempre uma ferida no seu coração.

E por isso que ele anseia por felicidade, porque ele é apenas uma consciência infinita à qual um limite foi imposto. É por isso que todos os eus conhecem a experiência da felicidade - é uma lembrança; como seria possível buscar a felicidade se não soubéssemos como é o gosto?

Assim, no coração do eu separado há uma memória de paz, de amor, de felicidade que muitas vezes associamos a uma experiência da infância (se tivemos infâncias felizes), mas não é realmente uma lembrança do passado; é uma lembrança de algo que está presente agora, porém coberto por crenças e sentimentos sobrepostos. Tudo o que o eu separado faz é feito apenas para desvestir-se (despir-se) dessas limitações.

Todo mundo se conhece como “eu”; a natureza essencial desse "eu" é a consciência infinita, e ela se tornou velada por crenças e sentimentos, e em vez de ser experimentada como o "eu infinito" da consciência, é sentida e experimentada como o "eu" finito do eu separado. - mas em ambos os casos é o mesmo eu:

        Há uma consciência infinita
    e
        Há uma consciência infinita
            com um VÉU DE PENSAMENTOS E SENTIMENTOS sobrepostos a ela
        que a fazem parecer finita.

Com esse ocultamento de nossa verdadeira natureza, a paz e a felicidade de nossa verdadeira natureza são perdidas, e é por isso que essa consciência velada (que é o eu separado) anseia por retornar à sua verdadeira natureza.

… Não precisamos nos livrar do véu; nós só precisamos voltar nossa atenção para a natureza essencial do que chamamos de "eu".
A maioria de nós, quando diz “eu”, pensa em uma coleção de pensamentos, sentimentos, sensações e percepções; mas se realmente voltarmos nossa atenção para o “eu”, apenas encontraremos a experiência de estarmos conscientes; nós não encontramos uma coleção de pensamentos e sentimentos.
“Eu” é apenas a experiência de estar ciente, e essa experiência está disponível para todos.


Voltar