Vya Estelar: O que são e quais são os venenos da
mente?
Lama Tsering: Os
venenos da mente são divididos em três categorias principais.
A primeira é o apego ou desejo, que inclui o ficar preso física
ou mentalmente a pessoas, objetos e fenômenos.
A segunda é a raiva, que significa rejeitar, não
querer, afastar algo de você.
O terceiro é a ignorância, que significa não ter uma
noção clara da vida, não compreender a natureza verdadeira das coisas.
Estes venenos agem de maneira interdependente.
O que ocorre é que, quando não temos uma visão real da vida, acabamos criando
desejos e apegos. E quando não conseguimos o que queremos, criamos aversão e
ficamos com raiva.
Os venenos da mente agem como toxinas, criando
energias mentais negativas. Estas energias são expressas em nossas ações,
palavras e pensamentos, causando um sofrimento cíclico, em cadeia, que se
repete infinitamente.
Vya Estelar: A raiva seria o principal veneno da
mente?
Lama Tsering: A raiva é o veneno mais grosseiro e o
que traz as conseqüências mais terríveis, cruas e diretas. O desejo é mais
sutil e, em nossa sociedade atual, é até mesmo considerado uma coisa boa,
apesar de trazer tanto sofrimento.
Mas o veneno fundamental, realmente, é a
ignorância, é o não reconhecimento da natureza verdadeira dos fenômenos.
Não podemos dizer que a ignorância seja o pior veneno, mas ele é o primeiro, o
que dá origem a todos os outros.
Vya Estelar: O que é a impermanência?
Lama Tsering: Encare sua vida como se fosse um banco
no parque, em uma tarde de clima ameno. Você vai até lá passar algumas horas,
sentado, aproveitando tudo ao máximo: a brisa fresca, os pássaros cantando, as
borboletas, o sol batendo no rosto.
Tudo aquilo dura pouco tempo e vai chegar ao fim. Por
isso, você deve aproveitar o momento e criar boas condições. Você não deve se
apegar ao banco.
Não tente colocar uma etiqueta nele com o seu nome,
querendo mantê-lo para você! Isso vai impedi-lo de sentir o prazer e a
liberdade de estar lá, simplesmente sentado.
E se alguém se sentar com você, seja gentil,
tratando-a com amor e compaixão. Não brigue com esta pessoa. Seu
tempo é muito curto. Vocês estão ali apenas de passagem. Ao
lembrarmos de que tudo na vida é impermanente e chega ao fim, podemos ser
generosos com ela, sabendo que provavelmente ela nunca pensa no fato de que
terá que deixar o banco em breve, assim como você.
Todos nós queremos manter as coisas e não
conseguimos. Temos que ter compaixão por elas, e por nós
mesmos. Compreender a impermanência nos faz ricos: temos tudo neste
momento e podemos ser generosos, abertos, decididos a fazer o que pudermos para
beneficiar a todos com o nosso amor, sem medo de perder.
(Mais informações:
www.budismotibetano.com.br
)
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