U.
G. Krishnamurti
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fonte:
http://www.well.com/user/jct/
tradução: J.C.Cavalcanti
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Parte I
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A mente é um mito
Inquietantes conversações com o homem chamado U.G.
Editado by Terry Newland - DINESH PUBLICATIONS
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Ver parte II
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"Meu ensino, se essa é a palavra que
você quer usar, não tem copyright. Você é livre para reproduzir, distribuir,
interpretar como quiser, distorcer, fazer o que você quiser, mesmo alegar
autoria, sem meu consentimento ou permissão de ninguém." U.G.
Para os chamados buscadores de Deus,
Felicidade ou Iluminação, este livro tem muito pouco que o recomende. Mas, para
aqueles que se cansaram da busca e desenvolveram um ceticismo equilibrado, este
pequeno volume pode ter valor inestimável.
Esta é a história de um homem que
teve tudo - consideração, riqueza, cultura, fama, viagens, carreira - e
desistiu de tudo para encontrar por si mesmo a resposta à uma questão que o
queimava por dentro: há realmente algo como liberdade,
iluminação ou liberação atrás de todas as abstrações que as religiões nos
deram?"
Ele nunca encontrou uma resposta.
Não há respostas a questões como essa.
U.G. encaixou a filosofia em um
molde inteiramente novo. Para ele, a filosofia não é nem o amor à sabedoria nem
a evitação do erro, mas o desaparecimento de todas as questões filosóficas.
Diz U.G.: "Quando todas as questões se resolvem a apenas uma, a
sua questão, então
essa questão precisa detonar, explodir e desaparecer inteiramente, deixando
atrás apenas um organismo biológico funcionando suavemente, livre da distorção
e interferência da estrutura separativa do pensamento."
A mensagem de U.G. é chocante:
"Estamos todos no trem errado, na trilha errada, indo na direção errada."
Quando chegar a hora de encarar a
catástrofe da presente crise do homem, você encontrará U.G. no primeiro lugar
da fila, pronto e capaz de demolir os nossos pressupostos tão cuidadosamente
construídos, para nós tão queridos e consoladores.
Uma amostra de U.G.:
"Fazer amor é
guerra; causa-efeito é o lema de mentes confusas; yoga e dietas saudáveis (yoga
and health foods) destroem o corpo; o corpo é imortal, e não o espírito;
não há comunismo na Rússia nem liberdade na América, e nenhuma espiritualidade
na India; serviço humanitário é um total cultivo do ego; Jesus foi outro judeu
equivocado, e o Buda foi um excêntrico; mútuo terror, não amor, salvará a
humanidade; ir à igreja ou ir ao bar para um drink são idênticos; não há nada
dentro de você exceto medo; comunicação é impossível entre seres humanos; Deus,
Amor, Felicidade, o inconsciente, morte, reencarnação e alma são invenções de
nossa rica imaginação; Freud é a fraude do século 20, enquanto J. Krishnamurti
é sua maior impostura."
A boa vontade desse homem sem medo
para desprezar todo o conhecimento acumulado e a sabedoria do passado é nada
menos que estupenda. Neste particular ele é um colosso, uma espécie de
"Shiva" andante e falante, pronto para destruir tudo
todas as construções do intelecto) de modo que a vida possa
mover-se com novo vigor e liberdade.
Seu cruel e incessante ataque às
nossas mais queridas idéias e instituições atinge não menos do que uma
insurreição na consciência; uma superestrutura corrupta, podre em seu núcleo, é
colocada à parte sem a menor cerimônia, e nada é colocado em seu lugar.
Demonstrando grande prazer no ato da
completa destruição
(das falsas construções do ego),
U.G. não oferece nada a seus ouvintes, ao contrário, retira deles tudo que
eles acumularam laboriosa e inconscientemente. Se o velho deve
morrer para que surja o novo, então U.G. é, certamente, o arauto de um novo
começo para o homem.
A sociedade que, como apontou Aldous
Huxley, é organizada em total desamor, não pode possuir qualquer lugar
para um homem livre como U.G. Krishnamurti.
Ele não cabe em qualquer estrutura
social, espiritual ou secular conhecida. A sociedade utiliza seus membros para
assegurar sua própria continuidade, sentindo-se ameaçada por U.G., um
desestabilizador convicto que não tem nada a proteger, nenhum seguidor para
satisfazer, nenhum interesse em respeitabilidade, e que fala as verdades
mais duras de se ouvir (quebra todos os nossos ícones),
não importando quais forem as conseqüências.
U.G. é um homem "acabado". Nele
não há qualquer busca, e portanto nenhum destino. Sua vida agora
consiste de uma série de eventos desconexos. Não há nenhum centro em sua
vida, ninguém "conduzindo" sua vida, nenhuma sombra interior, nenhum "fantasma
na máquina". O que existe é uma máquina biológica altamente inteligente e
sensível, funcionando suavemente; você procura em vão pela evidência de um
self, psique ou ego. Há apenas o simples funcionamento de um organismo
sensível.
É uma pequena maravilha que um tal
homem "acabado" possa descartar o banal, os lugares-comuns da ciência,
religião, política e filosofia, indo diretamente no núcleo dos assuntos,
apresentando seu caso de maneira simples, sem medo, vigorosa e sem
corroboração,
(and without corroboration)
a qualquer um que queira ouvir.
O sujeito desta obra, Mr. Uppaluri Gopala Krishnamurti, nasceu em 9 de julho
de 1918, na aldeia de Masulipatam, no sul da India, filho de um casal de classe
média da casta Brâmane.
Até onde sabemos, não houve qualquer
evento excepcional cercando seu nascimento, celestial ou de outro tipo. Sua
mãe morreu de febre puerperal sete dias após dar á luz seu primeiro e único
filho. Em seu leito de morte, ela implorou à avó materna do menino que tomasse
cuidado especial dele, acrescentando que tinha certeza de que ele teria um
grande e importante destino pela frente.
Seu avô materno tomou esssa predição
muito seriamente, e prometeu dar ao menino todos os benefícios de um abastado
"príncipe" brâmane. Seu pai casou-se de novo, deixando U.G. aos cuidados dos
avós.
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Seu avô era um ardente Teosofista e conheceu J. Krishnamurti, Annie Besant, Cel.
Alcott, e os outros líderes da Sociedade Teosófica. U.G. encontrou todas essas
pessoas em sua juventude e teve a maior parte de sua formação em volta de
Adyar, o quartel-general da Sociedade Teosófica em Madras, na índia.
Ali havia infindáveis discussões sobre filosofia, religiões comparadas, ocultismo e
metafísica. Cada parede da casa era coberta com quadros de famosos líderes
Hindus e Teosóficos, especialmente Jiddu Krishnamurti.
A infância de U.G. foi pautada pelo
saber religioso, discurso filosófico e a influência espiritual de vários
personagens, tudo isso interessando profundamente o menino.
Seu avô levou-o por toda a índia a
visitar lugares sagrados, ashramas, retiros e centros de ensino religioso. Ele
passou diversos verões no Himalaya, estudando yoga clássica com um famoso
adepto, Swami Sivananda.
Foi nesses verdes anos de sua vida que
U.G. começou a sentir que "algo estava errado em algum lugar",
referindo-se a toda a tradição religiosa em que ele tinha sido imerso quase
desde seu nascimento.
Ele presenciou certos fatos que o decepcionaram,
e começou a questionar a autoridade dos outros sobre ele. Então, ele desistiu
da prática da yoga, e foi desenvolvendo um sadio ceticismo sobre tudo o que era
considerado como espiritual em sua adolescência.
Rompendo com as tradições bramânicas,
ele arrancou de seu corpo as vestes sagradas, símbolo da herança religiosa, e
tornou-se um jovem cínico, rejeitando as convenções espirituais de sua cultura
e questionando tudo para si mesmo. Ele mostrava cada vez menos respeito pelas
instituições e costumes religiosos considerados tão importantes por sua família
e pela comunidade, e um crescente desdém pela herança religiosa.
Com vinte e um anos, U.G. tinha se tornado um estudante secular quase ateu,
estudando filosofia e psicologia ocidental na Universidade de Madras. A
essa altura, ele foi convidado por uma amigo para ir com ele visitar o famoso
"Sábio de Arunachala",
Bhagavan Sri Ramana Maharshi,
em seu ashram em Tiruvannamalai, não muito longe do sul de Madras.
No ano de 1939, U.G., relutantemente, aceitou o convite. Por essa época,
ele estava convencido de que todos os homens sagrados eram impostores. Mas,
para sua surpresa, Ramana Maharshi era diferente.
O Bhagavan, um homem sereno, da maior sabedoria e integridade, não poderia
causar uma impressão mais forte no jovem U.G. Ele raramente falava àqueles que
dele se aproximavam com questões.
U.G. aproximou-se do mestre apreensivamente, fazendo-lhe três perguntas:
"Existe algo como iluminação"?, perguntou U.G.
"Sim, existe", respondeu o mestre.
"Existe nela quaisquer tipos de níveis?"
O Bhagavan respondeu:
"Não, não há níveis. é uma coisa só. Ou você está ali ou não
está absolutamente."
Finalmente, U.G. perguntou:
"Essa coisa chamada iluminação, você pode me dar?"
Olhando o sério jovem bem nos olhos, ele respondeu:
"Sim, eu posso lhe dar, mas você pode pegar?"
Daí em diante, U.G. ficou obcecado por essa resposta e
implacavelmente perguntava a si mesmo:
"O que é isso que eu não posso pegar?".
Ele resolveu então que, "haveria de pegar" o que
quer fosse aquilo sobre o que Maharshi estava falando.
Mais tarde ele disse que esse encontro mudou o curso de sua vida e "recolocou-o
nos trilhos". Ele nunca mais visitou o Bhagavan novamente.
Ramana Maharshi
morreu in 1951, de câncer, e é considerado um dos maiores sábios que a
índia jamais produziu.
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